Caminhar é preciso

Este texto surgiu há um mês, para ser exata. Ele surgiu da minha necessidade de deixar certas coisas para trás e continuar, mesmo não sabendo o que virá.

Eu não costumo escrever muitos textos assim, em prosa, eu nunca termino de escrever um; porém, esse, realmente pediu para ser escrito.

Espero que esse texto possa motivá-los, assim como ele me motiva. 

Fonte: Olhares- Fotografias online

Após os tropeços e as quedas com os quais me deparei durante a caminhada, foi necessário me reerguer e retomar os passos. Olhando sempre para os lados, mas nunca para trás, sigo. Ainda há muito a percorrer. Porém não tenho pressa. Ainda me resta muito tempo. Posso, então, admirar as paisagens que me cercam.

Foi-me necessário um longo estudo para saber o que levar comigo, o que me será útil e o que não me acrescentará muito. Tenho a certeza de que, embora ainda esteja rumando para a mesma direção de antes, a bagagem que trago torna-me muito mais cautelosa, mais precavida, mais madura e muito mais apta a continuar e a não temer o que virá. Tudo isso será útil na tomada de certas decisões importantes que me acorrerão. E, isso, devo a cada tropeço, a cada queda, a cada armadilha que encontrei durante o caminho, mesmo que me tenha sido um tanto dolorido, mesmo que tenha sido pesaroso, mesmo que tenha deixado, em mim, algumas cicatrizes profundas, as quais apagar-se-ão – ou não – com a ajuda do tempo.

Cai a chuva. Sinto as gotas de água caírem sobre mim e escorrerem sobre a minha pele. É uma sensação única, é como se ela lavasse todas as impurezas que estão dentro de mim... Então deixo que a chuva me purifique, a fim de que me renove e tenha capacidade para me manter firme à extensa caminhada que me resta, sem destino e sem data exata para terminar.

Continuo a andar, sempre atenta aos detalhes. É preciso observar e memorizar cada lugar por que passo. É necessário saber por onde tenho passado para que eu possa escolher se devo voltar ou não. É necessário saber que trechos tortuosos do caminho devo evitar, e é necessário lembrar dos rochedos, dos buracos e das armadilhas pelos quais tive de passar. Não para que tenha de evitá-los sempre, mas para que eu tenha em mente a profundidade com a qual cada um me atingiu, a quantidade de tempo que levei até superar ou o quanto me custou para ultrapassar cada um destes obstáculos, os quais são, por muitas vezes, necessários ultrapassar. Lembrar destes detalhes faz-se importante para não me deixar abalar e para não me desviar do foco, do meu destino final.

Sigo, porém, sigo sozinha. Já estive ao lado de várias pessoas, mas hoje sei que elas não são eternas e que todas têm um caminho a percorrer, assim como eu.

Portanto, é preciso saber caminhar só, por alguns trechos, até que meu caminho se cruze com o caminho de alguém, ainda que seja algo que nos servirá como um atalho para facilitar a caminhada, e nada além disso.

Entretanto, é importante lembrar que sempre haverá caminhos que se cruzarão ao meu, mesmo que leve tempo até que isso aconteça. A verdade é que nunca se estará totalmente sozinho durante toda a viagem. Por isso, não me desespero, sei que a hora certa chegará. Até que este momento chegue, ainda terei muitos lugares a conhecer e muitas metas a serem cumpridas.

Sigo à mercê dos ventos, sigo pela direção que eles me sopram. Não sei por que lugares terei de passar ou evitar, não sei o que me esperará, ao final dessa viagem. Não sei quem irei encontrar pelo caminho, não sei a quem pedir ajuda, não sei a quem procurar. No entanto, tenho a certeza de uma única coisa: não devo permanecer neste lugar, não devo me demorar, não devo me conformar. Caminhar é preciso. Sempre.

Ele foi publicado aqui: Recanto das Letras