Gonçalves Dias e a "Atenas brasileira".

"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá..."

pôr-do-sol na Av. Beira-mar - São Luís (Fonte: Mangue Brasil Turismo)

Aposto que você já deve ter ouvido esses versos em algum lugar; se calhar, até sabe completá-los com os versos que os seguem: "as aves que aqui gorjeiam/Não gorjeiam como lá". Talvez você lembre que teve de estudar esses versos e o autor deles quando estudou sobre o Romantismo brasileiro (Mas o que é mesmo Romatismo? Saiba mais) ou talvez nem saiba do que se trata. Enfim... o grupo do facebook do qual participo, o "Blogueiros Amigos",está fazendo sua primeira blogagem coletiva e o tema escolhido foi "regionalismo".

Então... a Bibliotecária Escandalosa havia me sugerido que falasse sobre algo relacionado a poesia maranhense, so... here I go.

busto de Gonçalves Dias (Fonte: Biografias)

Então... resolvi falar não apenas da importância de Gonçalves Dias para a literatura maranhense e brasileira, mas também aproveitarei para falar sobre o porquê de a capital maranhense ser conhecida como "Atenas brasileira".

O autor desses versos, como talvez saiba, foi o maranhense Antônio Gonçalves Dias, que nasceu nos arredores de Caxias, em 1823. Ele foi um dos importantes poetas  e teatrólogos da primeira geração do Romantismo brasileiro, retratando, sobretudo, em suas obras, a figura do índio brasileiro; dando, portanto, uma imagem nacional a esta estética literária.

Mas, por que esse poema se tornou importante?

Antes de responder a pergunta, vamos aos fatos: em 1840, ele ingressa na Universidade de Coimbra (onde estudo agora *-*), em Portugal, para cursar Direito, tal como outros escritores e personalidades importantes fizeram, pois o curso de Direito desta instituição trazia um grande reconhecimento a quem o escolhesse. Seus amigos é quem o ajudam financeiramente, já que Gonçalves Dias passava por uma grande crise.

Os versos apresentados no início do post fazem parte do poema "Canção do Exílio" (leia-o aqui), o qual foi escrito em 1843 e, nele, o poeta retrata a saudade que sentia pelas terras maranhenses. Seus versos se tornaram extremamente conhecidos por fazer alusão a uma pátria distante, possuindo, assim, um caráter nacionalista, o que constituía um dos ideais do Romantismo.

Agora que você já sabe o porquê dos versos e o porquê Gonçalves Dias tornou-se importante para a história da literatura, vamos nos concentrar no Maranhão desta mesma época, entre a segunda metade do século XVIII e a primeira metade do século XIX.

São Luís no Século XIX (Fonte: Maranharte)

Nesta época, houve uma grande estabilidade e um grande desenvolvimento econômico no estado, fazendo com que ele se destacasse principalmente na produção de algodão. Este produto, aliás, havia se tornado o principal produto de exportação do estado, o que fez com que o algodão maranhense fosse reconhecido mundialmente. Mediante a este grande desenvolvimento econômico, a vida cultural maranhense ganha uma grande repercussão com a intensa produção de obras literárias, de artigos jornalísticos, entre outros, tornando os intelectuais maranhenses reconhecidos na produção cultural brasileira, dentre os quais fizeram parte o próprio Gonçalves Dias, e outros maranhenses, como: Humberto de Campos, Sousândrade, Arthur e Aluísio Azevedo. Também nesta época foram criados, em São Luís, o Liceu  Maranhense, o segundo Liceu (equivalente ao ensino médio português) criado no Brasil, a Biblioteca Pública (hoje Biblioteca Pública Benedito Leite), o Teatro São Luiz, que, a partir do ano de 1852, passou a ser chamado Teatro Arthur Azevedo, entre outras importantes instituições culturais maranhenses.

Teatro Arthur Azevedo quando ainda era Teatro "São Luiz" (Fonte: Maranharte)

A vida cultural maranhense, nesta época, ganhou tanta fama, que a capital maranhense foi comparada à famosa cidade grega, Atenas, de onde surgiram grandes pensadores, filósofos, poetas e outros intelectuais importantes à humanidade; daí então surgiu o apelido de "Atenas brasileira".
Foi nesta época que se desenvolveu o que hoje é conhecido como Centro Histórico de São Luís, uma das partes mais antigas e mais famosas da cidade, considerada, pela UNESCO, Patrimônio Cultural da Humanidade, onde estão casarões tipicamente portugueses, alguns deles com azulejos decorados, o que a torna também conhecida como "Cidade dos Azulejos", mas isso já é uma outra história. u.u

Centro Histórico de São Luís nos dias atuais (Fonte: Brasil a la carta)

Fontes de pesquisa:

E-Biografias
Jornal Pequeno